Entenda a endometriose

Sua cólica pode ser algo mais sério. Entenda as causas, sintomas e tratamentos da endometriose

 

Se você acha que sentir cólicas durante o período menstrual é algo normal, pode parar já com isso. Saiba que pode ser sinal de endometriose! Para se ter ideia, dados da Associação Brasileira de Endometriose indicam que entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos) podem desenvolvê-la. Bastante gente, não acha? A seguir, esclareça suas dúvidas sobre a doença:

 

O que é a endometriose?

Segundo o ginecologista e obstetra, Alessandro Scapinelli, também especialista em endometriose, de São Paulo (SP), ainda não se sabe ao certo o que causa essa doença, mas ela é caracterizada pela presença de tecido semelhante ao endométrio (que fica dentro do útero) em outros órgãos, como bexiga, intestino… Esse tecido forma lesões que podem ter coloração branca ou vermelha escura parecida com uma fibrose que inflamam e causam as cólicas. “Há algum tempo, existia uma teoria de que a endometriose fosse causada por uma menstruação retrógrada (no sentido inverso), mas isso não é verdade. A mulher com endometriose, já nasce com ela e, geralmente, a doença evolui na puberdade por conta da produção do hormônio estradiol que estimula as lesões, aumentando a inflamação e as cólicas”.

O médico alerta que a cólica relacionada ao período menstrual é um dos principais sintomas, por isso a doença deve ser investigada. “No entanto, algumas adolescentes podem apresentar dor abdominal durante todo o mês, independente da época da menstruação”, revela Alessandro. Portanto, é bom ficar atenta e não achar que sentir cólica é algo normal.

 

Mais sintomas!

Apesar da cólica ser um dos sinais mais comuns da endometriose, outros sintomas podem surgir dependendo dos órgãos envolvidos. “A mulher pode sentir dor durante o ato sexual, sintomas urinários (dor e urgência), enjoo, dor anal, sensação de evacuação incompleta, alteração da frequência de evacuação, dor na região do nervo ciático, dor em membros inferiores, entre outros”, cita o ginecologista.

A infertilidade pode ser outro problema. Dependendo do tipo de lesão e da sua agressividade, a endometriose também pode causar alterações anatômicas no ovário, afetar a qualidade dos óvulos e do endométrio.

 

Como identificar o problema?

Quando o médico suspeita do quadro de endometriose, são levados em contas históricos familiares e solicitados alguns exames para identificar o problema.

  • Exame de sangue

O exame Ca125 (glicoproteína dosada no sangue que deve ser colhida entre o 1º e 3º dia do ciclo) pode ser um indicativo da doença quando está aumentado. “Mas trata-se se um exame pouco específico e que pode estar aumentado em muitas outras situações”, lembra Alessandro.

 

  • Exames de imagem

“Com o desenvolvimento de técnicas de imagem mais apuradas, podemos diagnosticar mais rapidamente a endometriose”, diz o especialista. Nesse caso, podem ser solicitado o ultrassom transvaginal com preparo intestinal para o mapeamento da endometriose e/ou a ressonância magnética. Eles conseguem detectar os focos e as localizações.

 

Como tratar a endometriose?

Segundo o especialista em endometriose Alessandro Scapinelli, até então acreditava-se que o uso de anticoncepcional poderia prevenir a evolução da doença. “No entanto, verificou-se que a pílula age apenas amenizando os sintomas em algumas mulheres, em outras, o quadro de endometriose continua progredindo e fazendo estragos. Ou seja, a pílula não trata o problema”, diz o ginecologista. Mas ainda assim, essa pode ser uma opção para mulheres com sintomas leves.

Por outro lado, mulheres com dificuldade de engravidar ou com sintomas mais intensos, que comprometem até suas atividades no dia a dia, são orientadas a fazer a cirurgia por videolaparoscopia e imagem de alta definição para a retirada de todas as lesões, milímetro por milímetro. “O tratamento cirúrgico deve ser único e curativo. Ele precisa ser feito por um médico especializado para que evitar que a doença volte. Geralmente, a cirurgia reestabelece a qualidade de vida e aumenta a chance de gravidez, seja por via natural ou mesmo após uma fertilização in vitro”, esclarece Alessandro.

 

Foto: Depositphotos

 

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