Remédio para dor de cabeça pode trazer riscos à saúde

Remédio para dor de cabeça sem indicação pode trazer riscos à saúde

Um pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Neurologia mostra que 80% das pessoas que sofrem de dor de cabeça se automedicam. Além disso, 50% delas aceitam a indicação de remédios feita por não-profissionais e o auxílio de médicos para tratar o sintoma é uma opção para 61% dos entrevistados. A pesquisa foi realizada por meio de questionários on-line, usando as redes sociais, e contou com a participação espontânea de 2.318 pessoas.

O estudo ainda identificou que 87% de quem respondeu sofre com enxaqueca e cerca de metade dos entrevistados têm a doença de forma crônica, quando os episódios acontecem por mais de 15 dias por mês.

Esses dados foram divulgados em 19 de maio, Dia de Combate à Dor de Cabeça (ou cefaleia), em um evento promovido no saguão do conjunto nacional, em São Paulo (SP). A ação foi realizada pela Sociedade Brasileira de Cefaleia com apoio da Libbs Farmacêutica com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre o assunto e dar atendimento à população. Na oportunidade, ainda foi feito um alerta sobre os riscos da automedicação e do uso abusivo de analgésicos.

A diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Dra. Célia Roesler, vice-coordenadora do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, revela que existem mais de 200 tipos de dores de cabeça, sendo que a enxaqueca é um deles. “Mas, para todos eles existem tratamentos e é possível viver sem dor”, fala.

Segundo a médica, a dor de cabeça tensional episódica é a mais comum e pode ser desencadeada quando a pessoa dorme mal, consome bebidas alcoólicas ou trabalha muito. “É uma doença que acontece vez ou outra e tem intensidade moderada. Já a enxaqueca é uma doença neurológica hereditária e acontece por conta de disfunções químicas cerebrais. “Ela surge por desequilíbrio de hormônios, como a serotonina e a endorfina, e pode durar de quatro a 72 horas, podendo começar fraca e ir ficando forte”, coloca Dra. Célia, que continua: “A dor se torna pulsátil e latejante, e pega metade da cabeça. Também pode vir acompanhada de náusea, vômito, tontura, intolerância a cheiro, luz e barulho.” No caso da enxaqueca crônica, a dor persiste por mais de 15 dias e surge, geralmente, quando o paciente faz uso abusivo de analgésicos, uma vez que ela evolui pela falta de um tratamento adequado.

A seguir confira três conselhos da médica para quem sofre com dores de cabeça:

 

1 – Não se automedique

“A ação do remédio pode mascarar uma doença mais grave, como um aneurisma ou um tumor. E também acaba retardando o diagnóstico”, alerta a médica. Além disso, alguns medicamentos comuns, como o ácido acetilsalicílico, afina o sangue e pode prejudicar o quadro de um possível sangramento.

2 – Procure um médico

A partir do momento em que as dores de cabeça surgirem duas ou três vezes na semana, a médica aconselha buscar ajuda de um neurologista para ter diagnóstico e tratamento adequados. “O profissional vai avaliar o quadro e orientar o paciente com medicamentos abortivos da dor ou com um tratamento preventivo. Nesses casos, os remédios são usados diariamente a fim de diminuir a frequência, a intensidade e a duração das dores”, coloca a médica. Podem ser antidepressivos, remédios para a pressão ou até epilepsia, por exemplo, mas em doses menores. Ou ainda podem ser prescritos tratamentos não-medicamentosos, como a aplicação de toxina botulínica e a neuromodulação, que utiliza um equipamento em forma de arco na cabeça para gerar impulsos elétricos que agem no nervo trigêmeo, tratando e prevenindo a enxaqueca.

Mulheres que sofrem enxaqueca com aura —  aquela em que surgem alguns sintomas antes da dor, como dormência parcial da face e membros, cegueira parcial, visão de pontos luminosos que se movimentam ou não — ainda devem ser orientadas quanto ao uso de anticoncepcionais: “O estrógeno pode aumentar o risco de casos de acidente vascular cerebral (AVC) em pacientes com esse tipo de enxaqueca”, alerta Dra. Célia. Por isso, é importante avisar o ginecologista caso seja tenha esse tipo. Outro alerta é em relação a homens ou mulheres tabagistas que sofrem com enxaqueca com aura, uma vez que eles também têm um risco muito grande de sofrerem AVC.

3 – Faça um diário e mude seus hábitos 

Anote o que você consumiu e outros detalhes do seu dia a dia, como horas de sono, estresse… Isso vai ajudar a detectar os gatilhos para suas dores de cabeça e ainda auxiliar o médico a definir qual é o tratamento adequado e individualizado. Existem aplicativos que podem ajudar nessa tarefa, como o app Diário da Cefaleia, disponível para Android e iPhone.

O profissional também vai orientar quais hábitos de vida saudáveis o paciente deve adotar, como por exemplo ter uma alimentação equilibrada (com menos produtos condimentados e industrializados), ter horário regular para dormir, evitar o consumo de de bebidas alcoólicas, praticar atividades físicas, não fazer jejum prolongado etc.

 

 

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Foto: Depositphotos

 

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