Para começar a gostar de correr

Há 10 anos, se alguém dissesse que eu ia correr uma maratona (42K), chamaria essa pessoa de louca – até porque eu não corria nem 100 metros. Pois bem, agora em agosto completo uma década de corrida, com sete maratonas no currículo, mais de 20 meias-maratonas (21K) e dezenas de outras provas das mais variadas distâncias.

Vou contar rapidamente como tudo começou, como virou paixão e o que me faz gostar de praticar a atividade até hoje – talvez sejam os argumentos que você precisa para começar a correr também.

 

Em julho de 2005, como jornalista que sou, fui cobrir um evento de esportes e superação de limites envolvendo deficientes auditivos, em Florianópolis (SC). O organizador era corredor de rua e começou a me contar as maravilhas da prática. Notei um entusiasmo e um brilho nos olhos dele que nunca tinha visto antes. O que exatamente ele falou? Algumas palavras sobre determinação, persistência, conquistas. Para mim, até aquele momento, corrida era o aquecimento chatinho de 5 ou 10 minutos na esteira antes da musculação – coisa que, aliás, eu não fazia há tempos. Eu estava com 39 anos (com uma filha de 16 anos e um filho de 4), trabalhando muito, acomodada em minha vida profissional e pessoal. Embora estivesse 10 quilos acima do peso, não comecei a correr para emagrecer. O que me motivou mesmo foi essa conversa. Lembro que pensei: “deve ser muito legal e é o que estou precisando”.

 

Por indicação desse organizador que virou amigo, fui atrás de exames médicos e treinador. E poucos dias antes de começar efetivamente a treinar recebi o convite para participar de uma prova de 10K – era a Track&Field do Shopping Villa-Lobos de 21 de agosto de 2005, em São Paulo.

 

Não sei se é um defeito ou uma qualidade, só sei que muitas vezes minimizo a dificuldade. E na minha cabeça aqueles 10K “não eram muita coisa”. Lá fui eu com tênis emprestado da minha filha (imagine, era um Nike Shox, aquele das molinhas), camiseta do evento, legging e muitos quilos a mais do que o ideal para o meu 1,55m. Mas minha primeira experiência em uma prova não foi o que se pode chamar de agradável. Na reta final, eu trotava de cabeça baixa, um tanto envergonhada por meu corpo e por minha performance – afinal, éramos meia dúzia de retardatários e a ambulância fechando a prova… De qualquer forma, foi uma experiência transformadora. Completei os 10K em 1h22m25, fiquei feliz de ter ganho uma medalha (não sabia que todos os participantes ganhavam) e voltei para casa com o corpo todo dolorido e cheio de endorfina.

 

Não parei mais. Seguindo as orientações do meu treinador, que preparou um plano de evolução próprio para minhas condições físicas, comecei caminhando, passei para uma caminhada mais vigorosa, depois para um trote, até finalmente correr. Primeiro era uma corridinha leve – aprendendo posição de braços e pernas, respiração correta, etc. –, até começar a trabalhar resistência (para conseguir ir mais longe) e velocidade (para conseguir ir mais rápido). Não foi de uma hora para outra, foi um processo. Sei que em poucos meses perdi peso, ganhei autoestima, melhorei minha performance e descobri uma paixão para a vida toda. Dê uma olhada na galeria de imagens de algumas provas que já realizei:

 

  • Minha primeira corrida, em 2005
  • 10K em São Paulo, em 2007
  • A primeira maratona: Maratona de Porto Alegre, em 2008
  • Maratona de Buenos Aires, em 2010
  • Maratona do Rio, em 2013
  • Uphill Marathon, em 2013
  • Maratona de Berlin, em 2014
  • 600K SP-Rio, em 2010
  • Bombinhas, em 2010
  • Corrida de montanha, em 2010
  • Meia maratona do Rio de Janeiro, em 2010
  • Meia maratona de Londres, em 2011
  • São Silvestre, em 2010
  • Meia maratona de Lisboa, em 2015
  • Meia Maratona Golden Four, em 2015
  • Minha primeira corrida, em 2005

    Minha primeira corrida, em 2005

  • 10K em São Paulo, em 2007

    10K em São Paulo, em 2007

  • A primeira maratona: Maratona de Porto Alegre, em 2008

    A primeira maratona: Maratona de Porto Alegre, em 2008

  • Maratona de Buenos Aires, em 2010

    Maratona de Buenos Aires, em 2010

  • Maratona do Rio, em 2013

    Maratona do Rio, em 2013

  • Uphill Marathon, em 2013

    Uphill Marathon, em 2013

  • Maratona de Berlin, em 2014

    Maratona de Berlin, em 2014

  • 600K SP-Rio, em 2010

    600K SP-Rio, em 2010

  • Bombinhas, em 2010

    Bombinhas, em 2010

  • Corrida de montanha, em 2010

    Corrida de montanha, em 2010

  • Meia maratona do Rio de Janeiro, em 2010

    Meia maratona do Rio de Janeiro, em 2010

  • Meia maratona de Londres, em 2011

    Meia maratona de Londres, em 2011

  • São Silvestre, em 2010

    São Silvestre, em 2010

  • Meia maratona de Lisboa, em 2015

    Meia maratona de Lisboa, em 2015

  • Meia Maratona Golden Four, em 2015

    Meia Maratona Golden Four, em 2015

 

 

Muita gente me diz que queria correr, mas não consegue gostar. Então, na minha coluna de estreia na Revista Fit, apresento algumas dicas para motivar você a dar os primeiros passos e a se entender com o esporte para trilhar um longo caminho. Vem correr comigo, vem!

 

1) Comece direito, com orientação
Não que você tenha de passar por um cursinho de preparação. Mas contar um profissional de educação física habilitado para ajudá-lo nos primeiros passos faz toda a diferença. Ele vai desenvolver um plano adequado às suas condições e prepará-lo para evoluir no tempo certo. Se não quiser contratar uma assessoria esportiva ou um personal, busque pelo menos conversar com um treinador e peça ajuda. Fazendo a coisa certa, as chances de se machucar e pegar “bode” da atividade são menores.

 

2) Faça exames
É importante também passar por um médico – se for médico do esporte, melhor ainda – para avaliar suas condições cardiológicas e ortopédicas. Testes básicos vão mostrar como você está e ajudar o treinador a fazer seu planejamento.

 

3) Tenha um parceiro de corrida
Um amigo, um parceiro de treino, vai ajudá-lo a sair da cama ou encarar o treino no final do dia quando bater aquela preguiça. Assumam o compromisso de um ajudar o outro.

 

4) Converse com corredores apaixonados
Note o brilho no olhar quando eles falam de corrida – como eu vi naquele meu amigo, 10 anos atrás. Repare também no bom humor, no riso fácil, na disposição… Quer sentir tudo isso? Corra!

 

5) Leia revistas e blogs especializados
Também faça parte de grupos nas redes sociais que abordem o tema corrida. Troque informações com profissionais e com corredores veteranos, motive-se com histórias de superação e escreva sua própria história de superação.

 

6) Não desista
Se não curtiu na primeira vez, tente de novo. Veja o que o incomodou e procure corrigir o problema. Se eu tivesse desistido depois de ter feito meus primeiros 10K gordinha e entre os últimos competidores, não estaria aqui escrevendo essas linhas…

 

7) Faça da corrida um novo estilo de vida
Você vai ver que a corrida é mais do que colocar um pé na frente do outro, que criar resistência, que aumentar a velocidade, que completar um percurso. A corrida é uma metáfora da vida. Com ela você aprende que cada dia é um dia – em um você está bem, no outro nem tanto, mas está lá, fazendo força (ou apenas se divertindo), dando o seu melhor, às vezes se superando, às vezes aprendendo com as dificuldades.

 

8 ) Treine a resiliência
E mesmo tendo algum “sofrimento” envolvido – sim, você vai sentir dores, não se iluda –, uma hora essa dor chega ao fim. A corrida é um exercício perfeito de resiliência.

 

 

Fotos: arquivo pessoal e Depositphotos

Jornalista, autora do blog “eu corro porque…”, corredora há 10 anos, sete maratonas completadas (e dezenas de outras provas, de diversas distâncias), mãe de dois filhos. Escreve e corre com paixão

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