Essa é a pergunta que todo corredor ouve, mesmo que já tenha corrido 10 maratonas e até ultramaratonas… Porque essa é uma prova tradicional, especial, que está no imaginário das pessoas e que ainda inspira muita gente a dar os primeiros passos…
Primeiro, quero contar um pouquinho da história da tradicional Corrida de São Silvestre… Ela nasceu como uma corrida noturna. A inspiração da prova veio de um evento em Paris, visto pelo jornalista Cásper Líbero em 1924. Nele, os atletas largavam à noite carregando tochas de fogo. No ano seguinte, nasceu a São Silvestre brasileira, que teve largada à meia-noite do dia 31 de dezembro. Longe do gigantismo atual, poucos participaram. O vencedor foi Alfredo Gomes, que também era jogador de futebol.
Mais tradicional prova de rua do país, a São Silvestre não foi interrompida nem em 1932, ano da Revolução Constitucionalista, quando São Paulo se rebelou contra o governo de Getúlio Vargas (1930-1945), nem durante a 2ª Guerra Mundial. Em 1945, com a participação de convidados de Uruguai e Chile, a São Silvestre ganhou status de evento internacional. Trinta anos depois, surgiu a prova feminina, que festejava o Ano Internacional da Mulher.
Em 1989 foram promovidas várias alterações. O sentido do percurso foi invertido, a prova feminina acabou separada da masculina e a disputa passou a acontecer à tarde. Em 1991, a distância da corrida foi ampliada para 15 km. Ao longo dos anos, foram feitos outros ajustes e mudanças – até mesmo a transferência do local da chegada para o Parque do Ibirapuera, em 2011. Mas como a tradição falou mais alto, a São Silvestre voltou a ter largada e chegada na Avenida Paulista. E agora, mesmo acontecendo pela manhã (os atletas largam às 9 horas), ela continua uma grande festa do atletismo.
MINHAS EXPERIÊNCIAS NA SS
Minha primeira vez na São Silvestre foi em 2007. No ano anterior, devido a uma fratura por estresse na tíbia, fiquei de fora da prova – e, acredite, chorei de tristeza. Então, foi uma corrida para lá de desejada e eu completei feliz o percurso. Repeti a dose em 2010, correndo entre amigos e festejando as conquistas daquele ano em que eu havia batido todos os meus recordes pessoais, em todas as distâncias.
Nessas duas vezes, como a SS ainda era realizada à tarde, com horário de verão, peguei muito calor. Mas a gente não está livre das altas temperaturas mesmo correndo pela manhã – afinal, estaremos no verão. Portanto, se você vai correr a São Silvestre 2015 (aliás, eu vou de novo), esteja preparada. E esteja preparada não só para o calor, como também para fazer força. Por mais que seja um evento festivo, com pessoas fantasiadas, ainda é uma corrida de 15 km, com aquela respeitável subida da Avenida Brigadeiro Luís Antônio no final.
DICAS NA RETA FINAL
Bom, se eu ainda posso dar algumas dicas para você chegar bem na São Silvestre e completar bem a prova, aqui vão elas:
- Como faltam apenas 20 dias para a prova, seu treino já deve estar entrando na reta final. O último longo deve ser feito de oito a 10 dias antes da corrida. Na semana da prova, pegue leve para poder ter gás no dia.
- Milagres não acontecem. Se você não treinou adequadamente e mesmo assim vai participar, esqueça o tempo e divirta-se pelo caminho. Corra conforme tenha se preparado, para fechar o ano com saúde e feliz.
- Aliás, fora os atletas de elite, ninguém deveria se preocupar com o relógio na São Silvestre. Sou competitiva e gosto de me superar sempre, mas essa definitivamente essa não é uma prova para fazer o melhor tempo do mundo. Esse ano são 30 mil inscritos. Já imaginou o que será essa gente toda pelas ruas de São Paulo?
- Já comece a separar a roupa e o tênis que vai correr a prova. E teste-os antes. Nada de estrear peças novas no dia.
- Na reta final, não vá de meter o pé na jaca na dieta, mas também não entre numas de dieta de fome para “perder uns quilinhos até o dia 31”. Você precisa de energia para correr. Equilíbrio é a chave.
Tem dúvidas sobre corridas? Mande suas questões para leitorafit@revistafit.com.br. Vamos levá-las para os especialistas responderem.
Foto: Dollar Photo Club
Jornalista, autora do blog “eu corro porque…”, corredora há 10 anos, sete maratonas completadas (e dezenas de outras provas, de diversas distâncias), mãe de dois filhos. Escreve e corre com paixão