O bem-estar da corrida

Você já deve ter ouvido falar que corrida vicia. Entenda como o exercício influencia no seu cérebro e viva mais feliz

 

 

 

“Fui mordido pelo bichinho da corrida”. “Viciei, não consigo mais parar de correr”. “Quando não corro, não me sinto bem”. Se você corre ou tem algum amigo corredor, provavelmente já disse ou escutou esse tipo de frase. Não dá para mentir: no início a gente faz um esforço fenomenal para dar os primeiros passos. É difícil, dói, cansa. Mas, de repente, parece que tudo faz sentido. As passadas fluem, você se sente leve e feliz. Daí não dá mais para viver sem!

 

No livro O Corpo do Corredor (Editora Gente), os autores Ross Tucker —editor científico da revista Runner’s World sul-africana —, Jonathan Dugas — pesquisador da Universidade de Chicago — e Matt Fitzgerald —corredor e triatleta — dedicam um capítulo inteiro ao prazer de correr. A partir de informações compartilhadas por eles, vamos entender porque correr traz euforia e bem-estar no nosso dia a dia.

 

A tal da endorfina

Por algum tempo a principal explicação teórica sobre a euforia que se sente após 20 ou 30 minutos de uma boa corrida concentrava-se nas endorfinas: neurotransmissores que são produzidos durante os exercícios e agem nos receptores opioides do cérebro – os mesmos que recebem outras drogas, que também atuam para produzir sensações de bem-estar e euforia. Entretanto, estudos realizados nos anos 1980 verificaram que a euforia do corredor acontecia até quando os receptores de endorfina estavam quimicamente bloqueados e questionavam a ação dos neurotransmissores.

 

Estudos mais recentes com recursos mais avançados revitalizaram a teoria da endorfina. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Técnica de Munique, liderado por Henning Boecker, usou uma técnica chamada de escaneamento com tomografia por emissão de pósitrons (PET) para medir os níveis de endorfinas e identificar a fixação delas em receptores de regiões do cérebro associadas ao humor e à emoção, antes e depois de uma corrida de duas horas. Foram injetados rastreadores químicos em dez corredores, que passaram por um escaneamento de base antes da corrida e outro imediatamente após. Depois da atividade física, os cientistas encontraram níveis significativamente elevados de endorfinas e os corredores relataram grande entusiasmo.

 

Química cerebral melhora o humor e relaxa

Além das endorfinas, os exercícios mexem com outros diferentes de neurotransmissores que afetam positivamente o humor. Os mais importantes são a noradrenalina, que aumenta o estado de alerta; a dopamina, que melhora o humor; a serotonina, o neurotransmissor mais visado por antidepressivos.

 

Mas é pouco provável que os neurotransmissores sejam os únicos responsáveis pelo prazer de correr. Isso porque a corrida também muda o ritmo da atividade cerebral e induz a um padrão conhecido como estado de ondas alfa, o qual é associado às sensações de tranquilidade e bem-estar, também produzidas pela meditação. Esse estado de “mente vazia” produz uma sensação de paz e relaxamento.

 

Efeitos imediatos e sem efeitos colaterais

Se os efeitos sobre o estado de espírito durassem somente enquanto estivéssemos correndo, ainda assim eles seriam muito valiosos. Mas um hábito de corrida consistente realmente produz um aumento geral de felicidade. Na verdade, um número crescente de psiquiatras acredita que os exercícios aeróbicos são a melhor terapia de humor disponível, já que produzem efeitos imediatos e funcionam com quase todas as pessoas, sem efeitos colaterais negativos.

 

Cuidado apenas para não exagerar…

Corredores que por algum motivo deixam de se exercitar relatam sensações desagradáveis como desconforto, irritabilidade e ansiedade. Mas como qualquer excesso, exagerar na corrida – o chamado overtraining – pode levar a problemas como perda de peso, insônia, cansaço, resfriados constantes (devido à baixa imunidade), amenorreia (ausência de menstruação), lesões e até à depressão. Portanto, mantenha o equilíbrio na vida e corra para sempre!

Corrida

 

Tem dúvidas sobre corrida? Mande suas questões para leitorafit@revistafit.com. Vamos levá-las para os especialistas responderem.

 

 

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Jornalista, autora do blog “eu corro porque…”, corredora há 10 anos, sete maratonas completadas (e dezenas de outras provas, de diversas distâncias), mãe de dois filhos. Escreve e corre com paixão

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